Sabe, a arquitetura é um assunto maravilhoso, incitando-nos à prática constante do aprimoramento pessoal e profissional, afinal ética, bom-senso, honestidade e outros valores nobres não conhecem, eles mesmos, limites de aplicação, podendo ser utilizados em qualquer lugar, independente da religião ou crenças íntimas de que quer que seja.
É, é uma postagem diferente das demais que fizemos. É uma postagem sobre varlores éticos da profissão e do profissional.
Li uma entrevista em O Estado de São Paulo, de Paul Goldenberg falando entre outros temas esse, ética e postura do arquiteto, mas ouso estender à área da construção em geral, engenheiros, projetistas, técnicos, e demais envolvidos na cadeia produtiva de uma construção, seja pequeno, médio ou grande porte.
Ética não se limita, como nos diz o dicionário, à análise e estudos das relações morais das criaturas, vai mais além. Prende-se também à forma de projetar uma construção, pensar os materiais ideais para utilização dentro dos parâmetros sócios-econômicos do cliente, passar, invariavelmente pelo comprometimento de todos envolvidos, afinal arquitetura é uma ciência de socialização. Ética é implanta um aporte moral nas ações cotidianas de forma a torná-las humanas e moralmente corretas. E quando se fala de moralmente corretas, não estamos aqui enaltecendo valores religiosos, mas morais mesmo, valores de respeito aos semelhantes, respeito aos idosos, respeito aos pedestres; é uma somatória de atitudes que devem ser implantadas no cotidiano e refletir-se na arquitetura.
Socialização essa é outra palavra que, às vezes, se perde no mundo dos conceitos. É mais, também, do que nos diz ele em si, "assimilar os hábitos característicos de seu grupo social", é muito mais que isso..... Socializar-se é participar, interagir de forma coerente e produtiva com o meio social, não apenas assimilar conceitos, mas vivê-los de forma tangível.
Quando sentimos a necessidade da união inevitável de ética e socialização, das formas apresentadas acima, passamos a dar valor a detalhes que vão desde economia de papel, economia de custo, materiais ecologicamente corretos, moradias populares decentes, padrões condizentes com o habitar e não apenas o "ter um teto".
Estamos longe, infelizmente, de chegar a uma realidade socialmente ética que nos mova em direção às reais necessidades dos outros, notadamente os menos abastados, mas arquitetura é matéria dos ricos? Criar espaços, pensá-los de forma coerente e que propiciem bem estar aos usuários, sejam esses espaços praças enorme, monumentos, ou simples casa de habitação mais modestas, é OBRIGAÇÃO do arquiteto, enquanto profissional capacitado a essa criação e mentalização, mas fazemos isso?
Somos invariavelmente, na maioria, voltados e focados aos lucros desmedidos, à usura dos bens do alheio, pois é assim que vejo quando se projeto sem paralelo à realidade cotidiana das cidades. IMAGINAÇÃO CRIATIVA não é criar sem preocupar-se com o custo, o impacto sócio-econômico e mesmo o impacto ecológico, IMAGINAÇÃO CRIATIVA é utilizar-se de forma inusitada dos materiais que temos à mão, criando novas possibilidades de moradias econômicas; novos prédios públicos sem o ridículo de cifras abusivas, pois quem muito pega rouba dos que não tem; espaços públicos que valorizem o meio ambiente, a educação, a interação entre todos, focados realmente em praticidade, e não "obras de arte" alijadas de uso.
CHEGA DE ROUBAR! CHEGA DE EXPOLIAR! CHEGAR DE ORGULHO IMBECIL!
Façamos uma arquitetura moral, ética, social e economicamente correta e, quem sabe, o futuro nos guardará na história como aquele que pela primeira vez, desde o uso das cavernas, pensou no abrigo, no conforto e no bem estar como foco principal e não na exposição e nos lucros apenas!